Operador 88
O mercado financeiro brasileiro enfrentou mais um dia de forte pressão cambial nesta quinta-feira (28), com o dólar à vista encerrando o pregão cotado a R$5,98, após ultrapassar os R$6 durante o dia pela primeira vez na história. A alta reflete a crescente desconfiança dos investidores em relação ao pacote fiscal recentemente apresentado pelo governo federal. Mesmo com o cenário de volatilidade, o Banco Central optou por não intervir no mercado cambial com leilões extraordinários de dólar, estratégia que tem sido mantida nos últimos anos, mesmo em momentos críticos. Na quarta-feira (27), antes mesmo da divulgação oficial do pacote fiscal, o dólar já havia rompido a barreira de R$ 5,90, impulsionado pela incerteza sobre as medidas econômicas. Naquele dia, a moeda norte-americana fechou em R$ 5,9910, registrando uma alta de 1,30%, o maior valor de fechamento até então. A valorização do dólar no mercado doméstico já acumula um aumento de 23,49% em 2024. A instabilidade cambial reflete tanto fatores internos, como as dúvidas sobre a eficácia do pacote fiscal, quanto externos, como a aversão global ao risco e a alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, que tornam o dólar mais atrativo como investimento. No mercado futuro, o contrato de dólar para dezembro, o mais negociado atualmente, fechou em alta de 0,64%, cotado a R$ 5,9975 às 17h27. Os movimentos do mercado indicam uma expectativa de que a moeda possa permanecer próxima ou acima dos R$ 6, caso não haja uma sinalização mais clara de medidas econômicas eficazes por parte do governo. Com a disparada do câmbio, cresce a preocupação com os impactos para a economia brasileira, como a elevação dos preços de produtos importados e uma pressão inflacionária adicional, especialmente em um contexto de baixo crescimento econômico.
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