Operador 88
Um levantamento inédito feito pelo site The Intercept indica que, desde 2008, pelo menos 556 mulheres, entre estudantes, professoras e funcionárias, foram vítimas de algum tipo de violência em instituições de ensino superior. O campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), em Vitória da Conquista, foi incluído no levantamento. Entre os casos, há assédio sexual, agressão física e/ou psicológica e estupro – a maioria dentro das instalações universitárias e praticada principalmente por alunos e professores. A análise partiu de 209 ocorrências levadas às instituições – em algumas delas, um agressor foi apontado por mais de uma vítima. Analisando as denúncias, identificamos ocorrências em 122 instituições (34 particulares e 88 públicas). Quase 80% dos crimes aconteceram nos campi (9 delas dentro do banheiro e 5 nas moradias universitárias) e arredores (área de estacionamento e ponto de ônibus, por exemplo). Outros ocorreram na internet, jogos universitários e repúblicas de estudantes. Em 60% dos casos os agressores eram alunos; em 45%, docentes – os demais ou não foram identificados, ou não eram diretamente vinculados às universidades, como técnicos terceirizados ou operários de construções também terceirizadas. O Intercept procurou as 122 universidades onde foram reportadas as 209 ocorrências para conferir se as instituições possuem políticas para lidar com casos de violência contra a mulher – além de ouvir denúncias, para acolher vítimas (núcleos de apoio psicológico ou assessoria jurídica, por exemplo) e prevenir novos casos (iniciativas como cartilhas, campanhas e seminários sobre assédio sexual, entre outras). A má notícia: a maioria não retornou os contatos e, entre as 40 instituições (33 públicas, 7 particulares) que responderam à reportagem, muitas afirmam ter políticas internas, mas, na verdade, têm apenas diretrizes abstratas, e não protocolos específicos.
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